Os riscos do piercing na língua
Estudos mostram que o adorno
causa inflamações e até lesões
que podem levar ao câncer
Luciana Aily Santos

Luciana já tratou
de fraturas de dentes
causadas por piercing
por ser mais vulnerável a lesões.
Pesquisas mostram que em 100% dos usuários houve alteração dos tecidos na cavidade oral. Os resultados das biópsias variaram de processos inflamatórios crônicos, hiperplásicos, papiloma e granuloma piogênio até lesões que podem levar ao câncer, como leucoplasias e displasias. Mesmo com boa higiene oral, os adeptos não estão livres das doenças. Tivemos aqui no consultório casos em que verificamos fratura dental por parte do piercing lingual e relato sobre os incômodos e inconvenientes do “brinco”,
mas sua vaidade falava mais alto. Alguns adolescentes
tiram suas dúvidas para a futura colocação e tentamos conscientizá-los da melhor forma possível.
Além das alterações citadas acima, do ponto de vista intrabucal, o piercing também pode provocar traumas dentários, quebrando o esmalte e a dentina do dente e em alguns casos estendendo-se à polpa (nervo). Nestes casos, teremos que tratar canais dos dentes e reconstruí-los, muitas vezes, com coroas (prótese unitária). Outro problema são as periodontopatias (problemas nos tecidos gengivais), por haver maior acúmulo e bolsas periodontais (deslocamento da gengiva) e descalcificações, podendo causar lesões cervicais cariogênicas (processo carioso).
Temos ainda o problema do mau hálito que está associado a feridas, alergias às jóias, infecções e inflamações locais. A literatura médica relaciona o piercing com hepatites, endocardites (problema cardíaco), hemorragias, esofagite, asfixia e aids. Foram consultadas mais de 1.000 referências para elaboração do estudo. Devido a todos esses transtor-
nos que podemos ocasionar em nós mesmos, é importante antes de tomar uma decisão haver uma concientização
sobre os perigos e riscos a que estaremos sujeitos, pois o prejuízo será estritamente nosso. Não podemos esquecer, que teremos também o incômodo dos primeiros dias ou semanas, com dor, edema (inchaço), dificuldade mastigatória, dificuldade da fala e hipersalivação. Caso
você já tenha o aparato na boca, é necessário um acompanhamento clínico rigoroso para advertência e prevenção de futuros problemas, afinal, quanto maior o tempo de uso, maiores as chances de contrair doenças.
em Dentística pela Faculdade de Odontologia da USP, leciona
na FoUSP para alunos de graduação há 10 anos e em cursos
de atualização de Estética Bucal há três anos para
profissionais formados. Atua na área pediátrica e clínica geral.